Agelologia a Doutrina dos Anjos - Estudos Bíblicos

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Angelologia
INTRODUÇÃO
A angelologia é a matéria teológica que estuda sobre os anjos. A importância da nossa crença sobre a pessoa e ações dos anjos consiste, primeiro, no fato de que eles, confirmados na obediência a Deus, terem sido designados como espíritos ministradores em benefício dos que hão de herdar a vida eterna com Jesus (Hb 1:14). Depois porque todos eles, até os que caíram com Satanás no princípio, terão papel decisivo nos eventos e terão lugar no futuro. Os anjos são protagonistas de grandes eventos nas Escrituras Sagradas, no cumprimento de suas funções e atividades, em submissão e obediência ao Deus Todo-Poderoso (Sl 103:20). Do Gênesis ao Apocalipse, as atividades angelicais são tão intensas que os anjos são citados cerca de 300 vezes nas Laudas Sagradas, nas formas descriminada abaixo:

I. OS ANJOS SÃO CRIATURAS DE DEUS
Os anjos são seres celestiais que foram criados do nada pelo poder de Deus. Eles foram criados perfeitos para habitarem eternamente nos céus. O Deus Todo-Poderoso, o Criador do Universo, mediante a Sua Palavra foram feitos os céus e todo seu exército (Sl 33:6), as coisas invisíveis que estão nos céus, as visíveis que estão na terra, tudo foi criado pelo Senhor Jesus Cristo (Cl 1:16). Não sabemos com exatidão a época em que os anjos foram criados, porém, temos conhecimento de que eles existem há muito tempo. Os judeus acreditavam que os anjos eram seres eternos e incorpóreos, dotados de grande luminosidade e pureza. Nunca ficavam doentes, nunca morriam, não comiam nem dormiam, nem tampouco estavam sujeitos aos infortúnios que afligem os seres humanos. Deus rege o Universo com poder absoluto, e, os anjos, a serviço de Deus, agem em obediência à Palavra do Senhor (Sl 103:20-21).
 
II. OS ANJOS SÃO CRIATURAS SUPERIORES AOS HOMENS
Apesar dos anjos serem celestiais, perfeitos, puros, poderosos, eternos, eles reconhecem que são criaturas e não admitem ser adorados pelo homem, porque somente Deus é digno de ser adorado (Ap 19:10). Embora na Bíblia sejam descritos como varões, os anjos, na realidade não têm sexo e não propagam a sua espécie (Lc 20:34-35) e não podem gerar (Lc 20:36). Os anjos são espíritos, diferentes dos homens, não estando limitados às condições naturais e físicas. Os anjos não possuem um corpo carnal material com forma humana, mas um corpo espiritual, que é acompanhado de luz e de glória celestial (1Co 15:44). O aspecto do anjo que anunciou a ressurreição de Jesus Cristo era como um relâmpago (Mt 28:3). Os anjos aparecem e desaparecem quando querem e se movimentam com uma velocidade incalculável. Porém apesar dos anjos serem puramente espíritos, eles têm o poder de assumir a forma de corpos humanos, para se tornarem visíveis aos sentidos do homem a quem Deus quer revelar propósitos específicos (Gn 19:1-3). Os anjos não estão sujeitos à morte, são imortais, foram criados num estado perfeito para viverem eternamente (Lc 20:34-36). O anjo que apareceu no sepulcro de Jesus, tinha um aspecto como de um mancebo, embora tenha existência há milhares de anos (Mc 16:5). Sobre a sua quantidade, a Bíblia diz que são milhares de milhares e milhões de milhões (Dn 7:10; Mt 26:53; Lc 2:13; Hb 12:22).

III. ACLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS
Quanto à sua classificação, existem várias graduações de autoridade entre os anjos correspondentes às suas diferentes funções no céu. Alguns anjos desempenham funções de grande responsabilidade junto ao trono de Deus, cooperando na administração divina. Outros são encarregados de serviços na administração de Deus quanto ao atendimento aos homens no mundo inteiro, servindo a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb 1:14; Dn 3:28; Gn 19:16).

1. ARCANJOS
Miguel é mencionado como arcanjo, o anjo principal. Ele aparece como o anjo protetor da nação israelita (Dn 12:1). O nome “Miguel” significa “Quem é semelhante a Deus?” Desde que Satanás desejou ser semelhante a Deus, o arcanjo Miguel, cujo nome lhe traz a honra de defender a glória que pertence unicamente ao Senhor, é sempre citado em confronto com o diabo. Talvez o fato de ser designado por Deus para cuidar da expulsão de Satanás do céu, Miguel sempre aparece em peleja contra o inimigo de Deus e defendendo a Israel, o povo escolhido de Deus (Ap 12:7-10; Dn 12:1). De acordo com a Bíblia, Miguel é um dos primeiros príncipes (Dn 10:13), o que sugere a existência de outros príncipes de destaque no céu. A maneira pela qual Gabriel é mencionado, também indica que ele é de uma classe muito elevada. Ele está diante da presença de Deus e a ele são confiadas as mensagens de mais elevada importância com relação ao Reino de Deus (Jd 9; Ap 12:7; 1Ts 4:16; Dn 8:16; 9:21; 12:1; Lc 1:19). Gabriel foi o portador da mensagem a Zacarias sobre o nascimento de João Batista, o precursor de Jesus (Lc 1:11-19); foi também quem trouxe a grandiosa mensagem para a virgem Maria de que ela haveria de dar à luz o Filho de Deus (Lc 1:26-35).

2. QUERUBINS
Os querubins pertencem também a uma classe elevada de anjos. Eles ocupam uma função muito especial e de grande responsabilidade na administração divina, junto ao trono de Deus. A Bíblia afirma que Deus está entronizado entre os querubins (Sl 99:1). Deus habita entre querubins (Is 37:16; 2Rs 19:15) e eles são chamados de “querubins da glória” (Hb 9:5). Os querubins são anjos relacionados também com os propósitos redentores de Deus para o homem. Eles são descritos como tendo rostos de leão, de homem, de boi e de águia; isto sugere que representam uma perfeição de criaturas: força de leão, inteligência de homem, rapidez de águia e serviço semelhante ao que o boi presta (Ap 4:6-8). Em Gn 3:24, provavelmente foi a primeira vez que vieram querubins à terra para proteger o acesso à árvore da vida no jardim do Éden. A grande importância dos querubins no conceito divino se observa no fato de que Deus ordenou que fossem feitos dois querubins de ouro numa só peça para fazerem parte do propiciatório que ficava acima da arca da aliança (Êx 25:19), o lugar mais sagrado do culto divino no Antigo Testamento. Deus também mandou que fossem bordados querubins em obra-prima sobre o véu (Êx 26:31), bem como nas cortinas do tabernáculo (Êx 26:1).

3. SERAFINS
Os serafins, outra classe angelical, são mencionados apenas em Isaías (Is 6:1-6). Pouco se sabe a respeito deles. Segundo alguns estudiosos do assunto, eles constituem a ordem mais elevada de anjos e a característica que os distingue é um ardente amor para com Deus. A palavra “serafins” significa “ardentes”. O nome deles indica uma alta patente. Os serafins têm três pares de asas, com duas voam, com duas cobrem o rosto, em reverência diante de Deus e com duas cobrem os pés, para que as suas próprias obras não apareçam. Eles sempre clamam uns aos outros, dizendo: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor dos Exércitos.”

4. PRINCIPADOS E POTESTADES
Os principados e potestades que a Bíblia menciona são classificações de governos e domínios. A Bíblia parece ensinar que cada nação tem seu anjo protetor, o qual se interessa pelo bem-estar da mesma, conhecido como anjo das nações. Um “principado” é um pequeno estado independente, cujo soberano tem o título de príncipe. Já a “potestade”, é a própria autoridade constituída. É aquele que tem o poder para exercer certas funções. A Bíblia faz referência a dois tipos de potestades: As do céu e as da terra. Os principados e potestades da terra têm domínio sobre os homens; Paulo recomenda submissão total, reconhecendo que essas potestades foram constituídas por Deus (Rm 13:1-4). Ou seja, são os governos humanos constituídos pelo próprio Deus. Em relação aos principados e potestades do céu, (anjos com autoridade e poder), Paulo ordena que coloquemos a armadura espiritual e entremos em luta contra os principados e potestades do mal (Ef 6:10-17). Ou seja, são dominadores invisíveis e hostes infernais da maldade que se opõem aos governos humanos estabelecidos nas nações, manipulando-os para fazerem o mal e são inimigos mortais da Igreja do Senhor Jesus Cristo na terra. A felicidade da Igreja é saber que Cristo está assentado à direita de Deus “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1:20-21). O profeta Daniel faz referência a eles. Havia um príncipe angelical sobre os persas (Dn 10:13). Havia também um príncipe angelical sobre o governo da Grécia (Dn 10:20). Os judeus estavam sob a autoridade do principado do arcanjo Miguel (Dn 10:21; 12:1). Era tempo de os judeus regressarem do cativeiro e Daniel se dedicou a orar e jejuar pela sua volta. Depois de três semanas, um anjo apareceu-lhe e deu como razão da demora o fato de que o príncipe, ou anjo da Pérsia, havia se oposto à volta dos judeus. O anjo lhe disse que a sua petição para o regresso dos judeus, não tinha quem a apoiasse a não ser Miguel, o príncipe da nação hebraica. O príncipe dos gregos também não estava inclinado a favorecer a volta dos judeus. Entretanto Miguel estava pelejando com aquele mensageiro celestial, provavelmente Gabriel, para que os judeus retornassem do cativeiro babilônico. A palavra do Novo Testamento para “principados” pode referir-se a esses príncipes angélicos das nações; o termo é usado tanto para os anjos bons como para os maus (Dn 9:1-2; 10:13,20-21; Ef 3:10; 6:12; Cl 2:15). Na antiga aliança, Israel vivia sob o principado de Miguel, o arcanjo. Entretanto na nova aliança, a Igreja vive sob o governo e principado do próprio Senhor Jesus Cristo. (Ef 1:22-23; 3:10). Glórias a Deus!

IV. OUTRAS CLASSES ANGÉLICAIS
São também tidas como classes angelicais estas categorias mencionadas por Paulo: Jesus “é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1:15-16).

V. OUTRAS ATRIBUIÇÕES AOS ANJOS
1. Enaltecer a Deus. Em Isaías lemos que os anjos não cessam de clamar dia e noite: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6:3). Quando do nascimento de Cristo, os anjos formaram corais que magnificaram o nome de Deus (Lc 2:13-14).

2. Trabalhar em prol dos que hão de herdar a vida eterna. O autor da Epístola aos Hebreus descreve a missão dos anjos entre os santos em Hb 1:14. No livro de Atos, são os anjos enviados em diversas ocasiões para socorrer os discípulos de Cristo (At 5:19; 12:7; 27:23).

3. Proteger a nação de Israel. Em Daniel 1:1, lemos que, nos últimos dias, levantar-se-á Miguel, o grande príncipe, para proteger a nação hebreia. Não fosse a intervenção divina, certamente Israel não mais existiria, pois muitos são os seus inimigos. Acontece que Israel é ainda povo de Deus, alvo de seus cuidados; aguarda-o um futuro promissor.
 
VI. ADORAÇÃO AOS ANJOS
Nos últimos tempos, a música evangélica tem estado excessivamente permeada pelo tema "anjos". Inclusive, atribuindo a estes a glória que pertence somente a Deus. De uma forma discreta, o foco do culto é retirado do Senhor Jesus Cristo (que, aliás, nem é citado) e direcionado aos anjos. Ao invés da ação fortalecedora do Espírito Santo dentro da Igreja, é a classe angelical responsável por uma ação eficaz. Em muitos cultos, os cristãos são exortados a esperar a cura do anjo, a sentir o anjo, a receber a bênção da mão do anjo. Isso são efeitos de um louvor não centralizado em Deus. Há músicas que clamam: desce Miguel, desce Gabriel que levam o auditório (a Igreja) à gritaria e pulos, estando todos, muito longe de Jesus. Ser teocêntrico e cristocêntrico, tanto na fé quanto na prática cristã, é vital para a sobrevivência e até para o avanço do verdadeiro cristianismo. "Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1Co 2.2). O contrário gerou e continua gerando inúmeras seitas e segmentos pseudocristãos. Um desses grupos fala em "brincar de roda com anjos, arcanjos e querubins", numa referência também nada ortodoxa ao relacionamento dos cristãos com os anjos na eternidade.

1. Não são poucos os teólogos liberais que acreditam que os anjos são apenas “essências platônicas” ou “emanações da parte de Deus”. Segundo eles, crer na existência dos anjos como seres racionais é “grosseira mitologia”. Essa posição, ajusta-se à crença racionalista assumida pelos saduceus no tempo de Cristo (At 23:8). Em outro extremo estão os místicos, os cabalistas, os ufologistas, que acreditam e adoram irracionalmente os seres celestiais, à semelhança dos antigos membros das religiões gnósticas (Cl 2:18). Somente o ensino das Escrituras é capaz de contestar o misticismo e o racionalismo desenfreado que têm invadido a sociedade, e até muitas Igrejas.

2. É muito normal encontrar obreiros e até mesmo pastores, expulsando demônios no nome dos anjos Gabriel ou Miguel e até mesmo no nome de Rafael que nem parte do cânon sagrado faz. Rafael consta no livro de Tobias 16:15, livro dos apócrifos.

VII. OS ANJOS, OS EVANGELHOS E A SALVAÇÃO
Os anjos não podem atestar a salvação pela graça, através da fé. Justamente por não terem pecado, a salvação redentora não tem sentido para eles mesmos, embora eles se alegrem pela salvação dos homens (Lc 15:10). Os anjos anseiam por compreender mais das coisas do Evangelho (1Pe 1:12). Eles não têm uma compreensão total, por não terem experimentado pessoalmente a salvação. Seria o mesmo que alguém falar sobre alguma coisa que nunca tenha experimentado pessoalmente.

VIII. O CULTO AOS ANJOS
Embora poderosos em obras, não podem os anjos ser adorados: são criaturas de Deus, nossos conservos e também comprometidos com a glória de Deus. Vejamos por que os anjos não devem ser objetos de nosso culto.

1. Os anjos são criaturas de Deus: Somente o Criador é digno de toda a honra e de todo o louvor; sendo os anjos criaturas (Sl 33:6), têm como missão louvar a Deus.

2. Os anjos são nossos conservos: Sendo eles criados por Deus, consideram-se nossos conservos (Ap 19:10).

3. Os anjos são comprometidos com a glória de Deus: Esta é recomendação dos anjos: “Adora a Deus” (Ap 22:9). Erram, portanto, aqueles que, menosprezando o Criador de todas as coisas e buscam adorar a criatura (Rm 1:25). O culto aos anjos é uma perigosa idolatria, na qual muitos têm naufragado. Outras notas atinentes em Cl 2:18.

IX. OS ANJOS NA BÍBLIA
1. Os anjos no Antigo Testamento: A presença dos anjos, no Antigo Testamento, pode ser facilmente detectada nas seguintes passagens:
a) Na era patriarcal. Abraão e Jacó tiveram várias experiências com os anjos de Deus. Abraão encontrou-os em, pelo menos, duas ocasiões (Gn 18:1-33; 22:1-17); Jacó, em três (Gn 28:12; 32.1,24).
b) Na peregrinação de Israel a Canaã. A assistência dos anjos na peregrinação israelita rumo à Terra Prometida é claramente observada na chamada de Moisés (Êx 3:2), na proteção de Israel quando da travessia do Mar Vermelho (Êx 14:19) e em sua condução pelo deserto (Êx 23:23).
c) Na vida dos hebreus em Israel. Vejamos algumas: na época dos juízes (Jz 2:4; 6:11; 13:3); na época dos reis (2 Sm 24:16; Is 37:36); na atividade profética (Is 6:1-3; Dn 6:22). Aliás, é no profeta Daniel que encontramos a mais desenvolvida angelologia do Antigo Testamento. Pela primeira vez, na Bíblia, são os anjos chamados por seus respectivos nomes: Gabriel (Dn 8:16) e Miguel (Dn 10:13; 12:1).

2. Os anjos no Novo Testamento: Eles podem ser encontrados tanto no ministério de Cristo quanto no avanço da Igreja.
a) No ministério de Cristo: No anúncio do nascimento de Cristo (Lc 1:26). Na proclamação de seu nascimento aos pastores (Lc 2:9-11). Na tentação do deserto (Mt 4:11). Em sua paixão e morte (Lc 22:43). E em sua ressurreição (Lc 24:1-12).
b) Na Igreja Primitiva: No conforto dos discípulos após a ascensão de Cristo (At 1:10-11). No livramento dos apóstolos (At 5:19-20; 12:7-8; 27:23:24). No auxílio à proclamação do Evangelho (At 8:26; At 10:3).
 
CONCLUSÃO
Tanto na antiga como na nova aliança, os anjos foram personagens importantes e continuam sendo “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação!” (Hb 1:14). Do Gênesis ao Apocalipse, os anjos de Deus atuam em favor do seu povo eleito. Agradeçamos ao nosso bondoso Deus pela existência dos anjos eleitos e valorosos em poder, os quais nos ajudam e nos acompanham no nosso dia a dia, livrando-nos do mal e nos guardando em todos os nossos caminhos! (Sl 34:7; 91:11).

Pr. Jorge Albertacci
Volta Redonda – Rio de Janeiro
10 e 13/07/2020

Bibliografia:
Bíblia do Pregador Pentecostal – ARC/SBB/Rio de Janeiro.
Wycliffe – Dicionário Bíblico – CPAD/Rio de Janeiro.
Lições Bíblicas CPAD - 05 de Novembro de 2006.
E-mail prjorgealbertacci@yahoo.com.br
 
 
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