Pondo a Alma Sobre o Pastoreio
TEOLOGIA DO OBREIRO > Teologia do Obreiro III
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Textos Bíblicos Introdutórios
Atos 20:28
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
1 Pedro 5:1-4
“Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.”
INTRODUÇÃO
Atualmente, muitos são os modelos de liderança pastoral sugeridos sob os aspectos empresarial e meramente psicológico. Entretanto, o modelo de liderança para um pastor cristão deve estar centralizado sob o de Jesus de Nazaré. A vida do nosso Mestre é o melhor exemplo para um ministério integral: acolhedor, admoestador e servidor. Um modelo pastoral centrado na concepção empresarial pode até trazer resultados visíveis, mas para Deus será um verdadeiro fracasso. Seguir a liderança de Jesus de Nazaré pode parecer um grande fracasso, mas em relação a Deus é grande vitória. Entretanto, quando o ministro de Deus procura sobre todos os aspectos submeter o ministério que do Senhor recebeu à direção do Espírito Santo - o Consolador, que dá inspiração ao ministro do Senhor, aquele que convence o pecador, que batiza com fogo, que promove vida na Igreja, que renova a fé dos crentes, que incentiva todos à evangelização, que quebranta os corações, que concede dons e que motiva a todos os servos do Senhor a estarem o tempo todo vigiando, aguardando a volta de Jesus, o Bom Pastor.
Quando submisso ao Espírito Santo, o lado empresarial desparece dando lugar somente ao serviço a favor do Reino de Deus. Partindo deste princípio o ministro do Senhor paraa ser impulsionado pela chama do Espírito, agora inundando todo o seu ser. Pronto para o exercício, denodado, mesmo entre os pedregais, nos lugares mais alcantilados, e praticamente inacessíveis, o cuidadoso pastor sempre encontra pastagens verdejantes para as ovelhas. Sob seus olhares, bem como do seu Cão de Pastoreio, elas pastam tranquilas, sem estresse, sabendo que estão sendo assistidas. Elas não sentem tranquilas com a ausência do pastor; inclusive, em seus instintos, elas reconhecem o cajado, bem como o Cachorro de Pastoreio. Este animal manso, abnegado é a mais perfeita figura dos membros do Corpo de Cristo na terra.
AS OVELHAS
Ovelhas são animais mansos, sem garras ou chifres, incapazes de se autodefenderem. Morrem mansamente nos dentes dos lobos. Diferente do bode, elas morrem sem sequer, balir. Morrem silenciosamente. Essa é a razão por que é preciso que haja pastores que as protejam.
O pastor traz na sua mão, o cajado, ferramenta usada para a defesa do seu rebanho. E quando tudo está tranquilo, o pasto verde e o capim de boa espécie, as ovelhas pastando, os lobos mantidos à distância pelo pastor, ele pode dedicar-se ao seu instrumento: à sua flauta por exemplo.
Por isto elas precisam ser pastoreadas com o coração. O Cajado na mão do pastor é como uma extensão do seu braço; onde sua mão não alcança, o cajado alcança – o Cajado é para proporcionar: segurança, apoio, manter os animais unidos, nos momentos de curativos, encaminhar para a não dispersão e/ou estouro quando se trata de bovinos.
O PASTOR
A noite os pastores levavam as suas ovelhas para um lugar de abrigo e proteçâo, como um aprisco ou um cercado natural, onde eles as contavam para certificar-se de que nenhuma havia se desviado (Jr 33:13; cf. Lc 15.3-7). Na época de cordeiros o pastor dedicava uma atenção especial às cordeiras e cordeiros (Is 40:11). O equipamento comumente necessário para o trabalho do pastor incluía uma vara ou bordão (Ex 21:20) para bater nos predadores, e um cajado com uma curva em uma das extremidades (SI 23:4). Este último instrumento, semelhante a uma cana, servia para vários propósitos, desde apoiar-se (Êx 21:19; Zc 8:4) até controlar o rebanho.
A funda também era uma arma padrão para o pastor (1Sm 17:40). Outros itens eram um alforje (1 Sm 17:40) para carregar pequenos pertences, uma capa, e às vezes um instrumento musical com o qual o pastor passava o tempo. Em muitos casos um ou mais cães acompanhavam o rebanho (Jó 30:1). Visto que a vida do pastor em muitos aspectos é um paralelo com os relacionamentos espirituais, os escritores bíblicos o usam repetidas vezes como uma ilustração eficaz das experiências no reino espiritual. Por todo o antigo Oriente Próximo os governantes estavam acostumados a se retratarem como os pastores do povo. O mais antigo uso conhecido do termo neste sentido foi o de Kudur- Mabug, rei de Elão (aprox. 1900 a.C.). Após relatar uma façanha militar, ele expressou o desejo de se tomar alguém como um “pastor amado”. No Antigo Testamento, o Senhor é o Pastor de Seu povo (Gn 49:24; Sl 23; Is 40:11). Pastores infiéis espalharam o rebanho do Senhor, mas quando Cristo voitar Ele os ajuntará novamente das extremidades da terra e colocará sobre eles pastores fiéis (Jr 23:1-6; Ez 34:11-16, 22-31).
Naquele dia, Israel e Judá deverão se unir sob um único Pastor, o Messias (Ez 37:24). Os pastores inescrupulosos que fizeram o povo de Deus se desviar cairão sob a sua condenação (Ez 34:2-10). No Novo Testamento, o Senhor Jesus Cristo declarou ser o bom pastor que dá a sua vida por suas ovelhas (Jo 10:11), que é conhecido por suas ovelhas (v. 14), e que um dia será o Pastor do aprisco unido de todos os redimidos de Deus (v. 16; veja também Hb 13:20; 1 Pe 2:25; 5:4). Como seu Mestre (Jo 10:1-14), os líderes das igrejas do NT devem fazer o trabalho de um pastor, alimentando e protegendo o rebanho (At 20.28-31). O mesmo dever é enfatizado por Pedro (1 Pe 5:1-4), que, referindo-se a Cristo como o Sumo Pastor, sugeriu que os presbíteros são sub-pastores. (Wycliffe Bible Dictionary - CPAD).
Entre outras coisas, o exercício pastoral envolve aptidão para ensinar, aconselhar e comunicar-se de forma clara com a igreja local. Porém, essas características não são validadas se o caráter do pastor não for íntegro. Uma das piores queixas que se pode ouvir acerca de um ministro é que sua palavra pastoral não se coaduna com a sua vida. Como pode o líder falar sobre honestidade e ser desonesto? De simplicidade e mostrar-se esbanjador? De humildade e comportar-se soberbo? A melhor palavra pastoral é a vida do pastor em sintonia com a mensagem do Evangelho que ele proclama (Mt 7:24-27; 23:2-36). O dom ministerial de pastor é concedido àqueles a quem Deus chama para servir ao seu precioso rebanho, a Igreja de Jesus. Esta acha-se espalhada nas Igrejas locais que reúnem crentes oriundos de todos os lugares do mundo. Eles estão sob os cuidados de líderes para serem alimentados com a Palavra de Deus. O objetivo do ministério pastoral é fazer com que o rebanho do Senhor cresça na graça e no conhecimento do Evangelho de nosso Salvador (2Pe 3:18). Portanto, o pastor precisa da graça divina para não fracassar em seu ministério. Oremos pelos pastores, compreendamos as suas lutas e os apoiemos com amor e carinho.
DESVIO DO TERMO
A presença do pastor se faz necessária, mas, sempre para proteger, e nunca para espancar. Hoje é muito usado o termo cajadada. Ignorando o Cajado, e os dons de Exortar, e Profetizar. Cajadada é um termo feio e por si só revela o caráter inconveniente do que lida com as ovelhas. Mais insultuoso ainda é quando esse termo é usado referindo à mensagem profética, ou a palavra doutrinária do pastor.
O REBANHO
Esta expressão era frequentemente usada em relação ao povo de Deus. Os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel, Miquéias e Zacarias usaram o termo rebanho como referência a Israel. Por exemplo: “Como pastor, apascentará o seu rebanho" (Is 40:11). Jeremias acusou falsos Profetas de terem dispersado o rebanho de Deus (Jr 23:2). Ezequiel usa a palavra mais de uma dezena de vezes no cap. 34 em um sentido figurativo do povo de Deus. O Senhor Jesus citou Zacarias 13:7, aplicando o termo rebanho aos seus discípulos (Mt 26:31). Ele se dirigiu diretamente aos seus seguidores como “pequeno rebanho” (Lc 12:32). Paulo admoestou os presbíteros efésios em Mileto: “Olhai, pois, por todo o rebanho”, e advertiu contra os “lobos” que poderiam destruir o rebanho (At 20:28-29). Entendemos que o Senhor Jesus usou a expressão “um rebanho” em relação à Igreja em João 10:16. (Wycliffe Bible Dictionary - CPAD). Uma das principais fontes da economia israelita era o trabalho pastoril. Os pastores cuidavam das ovelhas para delas obterem o lucro diário. Este é o contexto de que se valeu o Senhor Jesus para referir-se ao ensinamento contido na expressão “o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10:11). Aqui, diferente dos pastores que garantiam o seu sustento no campo através do uso das ovelhas, o Mestre Jesus mostra a disposição em dar a própria vida pelo seu rebanho (Jo 10:15). Os verdadeiros pastores da Igreja devem imitar o Sumo Pastor, Jesus. Nele não há jamais exploração alguma do rebanho, e isso deve servir de exemplo a todos aqueles que desejam ministrar à Igreja do Senhor, tal como ensina a Palavra em 1 Pedro 5:2-4.
CONCLUSÃO
Além das resposabilidades listadas acima o ministro não pode descuidar do cuidado contra os falsos pastores. Quando Deus levantou Ezequiel como profeta de Israel, Ele ordenou-lhe que repreendesse os pastores infiéis da nação. O Altíssimo considerava como falsos pastores os que apascentavam a si mesmo e não as ovelhas (Ez 34:2c); exploravam o rebanho e não o poupavam (34:3); não demonstravam amor pelas ovelhas, fazendo com que elas se dispersassem (34:4-6). O próprio Deus é contra os falsos pastores (Ez 34:8-10)! Ele inspirou o apóstolo Paulo a escrever para Tito quando da sua instrução pastoral ao jovem obreiro, que este retivesse “firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, aos quais convém tapar a boca” (Tt 1:9-11).
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Pr. Jorge Albertacci
Jubilado da Assembleia de Deus
Retiro - Volta Redonda - RJ
E-mail: prjorgealbertacci@yahoo.com.br
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Wycliffe Bible Dictionary - CPAD
Lições Bíblicas CPAD - 2º Trimestre de 2014