A Páscoa e a Santa Ceia do Senhor
TEOLOGIA DO OBREIRO > Estudos Bíblicos
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INTRODUÇÃO
Assim, pois, o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a Páscoa do SENHOR (palavra derivada do termo hebraico pessach) que significa literalmente: passagem, (pois o Senhor passou sobre as casas dos filhos de Israel poupando-os). Significa também: livramento, proteção, dar a volta por cima (Ex 12:27; 12:11). Essa foi a primeira festa judaica, realizada no dia 14 de Nisã, primeiro mês do calendário judeu (Nm 12:1-14). Quando cada família em Israel a celebrava em comemoração à libertação do Egito. Os elementos principais para a celebração eram três: o sacrifício de um cordeiro, erva amargosa e pães asmos.
AS INSTITUIÇÕES
Duas instituições com celebrações distintas e em datas tão distantes uma da outra, mas, que, no plano de Deus foram instituídas praticamente para o mesmo fim. Ambas sugeriram livramento, proteção, poupar, comunhão, memória, apontando também para o sacrifício vicário de Cristo Jesus na cruz do Calvário que aconteceria séculos depois, promovendo o livramento de outro povo, a Igreja.
SEUS ELEMENTOS INDICAVAM AS SOMBRAS DOS BENS FUTUROS
A primeira, com os seus elementos: apontava para o passado, fazendo com que os hebreus não se esquecessem daquela noite em que a décima praga assolou a nação egípcia, culminando com a liberdade de todos eles das maldosas garras de Faraó. Esse foi o evento que lhes traria à memória durante toda a peregrinação até Canaã, apontando também para o Messias que viria, o Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo. Israel deveria, inclusive, perpetuar a história desses episódios para todas as gerações futuras afim de não simplesmente lembrarem, mas saberem de que, um dia, foram escravos no Egito Êx 12:24-30. E a segunda (A Santa Ceia do Senhor), por sua vez, apontava para Cristo, o libertador da Nova Aliança, que veio; como o Cordeiro de Deus, padeceu, morreu e ressuscitou, e que virá em breve para buscar a Igreja. A Santa Ceia do Senhor, como ordenança para a Igreja é o memorial que mantém viva nossa comunhão com nossos irmãos e com o nosso Libertador Jesus Cristo, nosso Senhor. Ao instituí-la Ele recomendou aos Seus santos:
“E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22:19-20).
A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA E SEUS ELEMENTOS
A festa da páscoa foi o mais relevante dos memoriais do Antigo Testamento. Foi o evento que marcou o início de uma série dos mais importantes acontecimentos sem precedentes, que culminaram com entrada do povo na Terra Prometida.
O Cordeiro Pascal:
O Cordeiro Pascal foi o ser vivo, o livramento dos primogênitos da casa dos filhos de Israel, quando cada família israelita aspergiu o sangue do cordeiro nas ombreiras e na verga da porta. Era uma lembrança e uma comemoração deste maravilhoso livramento (Êx 12). Era um sacrifício em substituição: o cordeiro morria em lugar do primogênito.
Os Pães Asmos:
Os Pães Asmos lembravam a saída apressada de Israel da dura escravidão no Egito. A pressa foi tanta que nem tempo para esperar a fermentação da massa eles tiveram. Também representavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito. Também chamado de “pão de aflição” que representava os sofrimentos dos filhos de Israel (Êx 12:15, 34,3 9; Dt 16:3).
Ervas Amargas:
Essas traziam à memória as amarguras da escravidão sofrida no Egito (Nm 9:11).
Da mesma forma, a cruz de Jesus foi o mais importante dos eventos do Novo Testamento. Foi o evento que marcou o início de uma nova vida, o estabelecimento da Nova Aliança. A cruz foi o marco para estabelecer a Dispensação da Graça. Nela Jesus abriu o novo caminho, que propiciará nossa entrada no céu (Hb 10:19-20; Cl 2:14).
A PRESSA DE DEUS
Como podemos notar no texto bíblico supracitado, de Êxodo 12, Deus tinha pressa. Era chegada a hora da libertação do povo da escravidão de Faraó. Não valeria arranjos de última hora. Eles tinham que comer às pressas. A décima praga era chegada e com ela, nem Faraó e nem seu povo queriam mais saber da presença dos israelitas no Egito. Naquela mesma noite o Faraó mandou chamar Moisés e Arão e lhes disse: "Saiam imediatamente do meio do meu povo, vocês e os israelitas! Vão prestar culto ao Senhor, como vocês pediram. Levem os seus rebanhos, como tinham dito, e abençoem a mim também. "Os egípcios pressionavam o povo para que se apressasse em sair do país, dizendo: "Todos nós morreremos!" Então o povo tomou a massa de pão ainda sem fermento e a carregou nos ombros, nas amassadeiras embrulhadas em suas roupas.
Pelo que notamos, a partir daquele momento não havia mais lugar para o povo de Deus na terra da escravidão. Do mesmo modo, mediante a corrupção generalizada da humanidade, dentro de poucos tempos não haverá mais lugar para a Igreja do Senhor neste mundo. A pressa que até então era somente de Moisés e Arão – com a chegada da décima praga, passou a ser também de Faraó de todos os egípcios.
Enquanto os egípcios enterravam os seus mortos, os escravos hebreus deixavam o país e finalmente tornavam-se um povo livre. Mesmo assim, insistente, Faraó empregou uma última tentativa para trazê-los de volta, mas o povo escapou quando Deus miraculosamente abriu as águas do Mar Vermelho. Era uma ida sem volta. Era Deus libertando o Seu povo de um sofrimento que já durava séculos.
Todo primogênito dos egípcios havia morrido, mas, as casas dos israelitas foram poupadas porque o sangue do cordeiro fora passado em seus umbrais. A partir de então começou a historia da redenção, o tema central da Bíblia Sagrada. Redenção significa "comprar de volta“ ou "salvar do cativeiro pagando um preço.”
A SUBSTITUIÇÃO
Uma forma de comprar um escravo era oferecer em troca um escravo equivalente ou superior. Este foi o modo que Deus escolheu para nos comprar, Ele ofereceu o seu Filho por nos. Nos tempos do Antigo Testamento, Deus aceitava ofertas simbólicas. Como ainda Jesus não havia sido sacrificado, Deus aceitava a vida de um animal em lugar do pecador. Ao vir a este mundo, Jesus substituiu Sua vida perfeita por nossa vida pecaminosa e pagou a pena pelo pecado que cometemos. Desse modo, Ele nos redimiu do poder do pecado e nos restabeleceu para Deus. Com o sacrifício de Jesus, tornou desnecessário o sacrifício animal. De uma vez por todas Ele resolveu o problema crônico da humanidade que por seus delitos e pecados estavam todos irremediavelmente perdidos (Hb 7:27, 9:7-12).
Se desejarmos ser livres das consequências mortais do nosso pecado, um enorme preço deve ser pago. Jesus Cristo faz isto por nos, sendo o nosso substituto na cruz. A nossa parte é simplesmente confiar nEle e aceitar o seu presente de vida eterna (1Co 5:7).
Como Jesus pagou o preço pelo nosso pecado, o caminho foi aberto para começarmos uma relação com Deus (Tt 2:14; Hb 9:13-15, 23-26).
A INSTITUIÇÃO DA SANTA CEIA DO SENHOR
Lucas 22:7-20 “Chegou, porém, o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava sacrificar a Páscoa. E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? Então, ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei os preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a Páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós”
Esse foi o momento em que Jesus estabeleceu a Santa Ceia. Esse foi o momento de fechar com Chave de Ouro a Velha Aliança e abrir com Chave de Sangue a Porta da Graça.
Tanto que a partir de então os elementos para a celebração foram mudados. Doravante Ele, Jesus, seria reconhecido como o Cordeiro de Deus – “Este é o Novo Testamento no meu sangue, fazei isto em memória de mim” Lucas 22:16-20.
“E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (1Coríntios 11:24-25, 30).
A celebração da última páscoa deu início à Santa Ceia: Hoje se comemora a páscoa apenas por tradição, mas não porque Jesus ratificou. Na verdade a Santa Ceia é a celebração que todo o cristão deve celebrar, pois esta sim foi deixada por Jesus em lugar da páscoa (Mateus 26:17, 26-30). A páscoa era celebrada com pães asmos (sem fermento), carne de cordeiro e ervas amargas. A Santa Ceia deve ser celebrada com pão e vinho – pão que simboliza o corpo de Cristo sem contaminação com o pecado; e com o vinho (suco da uva) que simboliza o sangue de Cristo.
CONCLUSÃO
Meus irmãos, não deixem de comemorar a Santa Ceia do Senhor. Ela nos faz lembrar de que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Faz-nos lembrar ainda de Ele que morreu por todos nós. O pecado nos escraviza. Jesus com Seu precioso sangue nos liberta. Pois Ele mesmo disse: E conhecereis a Verdade, e a verdade vos libertará (João 8:32). Ele é a Verdade que liberta.
Paulo recomendou:
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice” (1Coríntios 11:28).
Notemos que diferente do que muitos entendem, Paulo recomendou: Examine-se e coma. Ele não disse examine-se, avalie e coma ou não.
O termo examinar usado por Paulo, é para que cada crente, não necessariamente no momento da Ceia, faça um examine introspectivo e caso tenha alguma raiz de amargura ou alguma ira, que se desfaça dela e participe.
O diabo com sua astúcia aplaude quando por algum motivo o crente deixa de participar do cálice do Senhor. Por este motivo, ele tenta enfiar a mão no meio, despertando a consciência do crente para que este fique cobrando de si mesmo o que Jesus com Seu sangue pagou na cruz. Então, examine e participe.
Observe que Jesus ao institui-la, disse: “E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus”
(Lucas 22:15-16). Este desejo permanece ainda vivo no coração de Jesus até que todos nós, com Ele participaremos na grande festa das Bodas do Cordeiro.
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Pr. Jorge Albertacci
Assembleia de Deus do Retiro
Volta Redonda
Rio de Janeiro
E-mail: prjorgealbertacci@yahoo.com.br