Reconciliação, um Ato de Humildade
TEOLOGIA DO OBREIRO > Estudos Bíblicos II
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Romanos 3:23
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”
INTRODUÇÃO
Mesmo o homem havendo pecado e por seus próprios delitos se desligado de Deus. Como bom Pai, o Criador, nunca aceitou ficar isolado dos Seus filhos. Sempre Ele aprovisionou meios pelos quais, o Diabo não assumisse qualquer autoridade sobre Sua criatura. (2Co 5:18-20) “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus.”
Reconciliar é o ato de restabelecer a paz entre as partes – no nosso caso, é voltarmos para Deus e vivermos em inteira submissão a Ele. Jesus veio instituir a reconciliação entre a humanidade e Deus através da manifestação da graça (Tito 2:11). Sem qualquer sacrifício da nossa parte. Bastando tão somente vivermos em santidade, Nele e para Ele. Paulo nos esclarece este assunto em sua Carta aos Romanos 12:1-2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Nosso dever é manter uma vida santa para o Deus Santo. Preservando nosso espírito, alma e corpo somente para Ele.
O PECADO E SUAS CONSEQUENCIAS
Há pecados que nos parecem maiores do que outros, levando-se em conta as consequências causadas. Por exemplo, cometer um homicídio nos parece pior do que simplesmente odiar, roubar e prestar falso testemunho. O adultério nos parece ser pior do que a mentira. Entretanto, o motivo de havermos cometido somente “pequenos pecados” não nos isenta da inflicção eterna, se não nos reconciliarmos com Deus.
O apóstolo João em sua Primeira Epístola, 3:15, alerta-nos sobre um grave pecado que às vezes não o consideramos assim, mas, que em suas palavras soa como crime de reponsabilidade penal também: “Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna.”
A EXEMPLO DO FILHO PRÓDIGO
Todas as iniquidades nos fazem pecadores e consequentemente afastados do Pai, neste caso, o único meio para concertarmos é através da reconciliação. Foi assim que procedeu o filho pródigo. Diferente dos que nunca mantiveram comunhão com Deus. Diferente dos que nunca pertenceram à Igreja do Senhor, à Comunidade dos santos – o Filho Pródigo do qual, por parábola falou Jesus em (Lucas 15:11-24) nos ensina lições importantíssimas sobre como reconciliar com o Pai. Sua ingratidão, foi o desprezo que ele deu ao Pai, inclusive, pedindo a sua herança, mesmo com o velho ainda vivo! O Pai entregou-lhe a sua parte e ele saiu de casa. Inexperiente, com o coração cheio de vaidade, gastou o seu dinheiro numa vida de libertinagem e logo se encontrou passando fome numa terra estranha (Lucas 15:11-16).
Ele chegou a pior das situações, representando com isto, a situação de cada um de nós quando abandonamos a Casa do Pai e nos entregamos ao pecado. Quando abandonamos a Igreja, o Pai que nos criou e que nos ama, e usamos os nossos recursos: tempo, dinheiro, energia, a própria vida mergulhada no pecado, fazemos a mesma coisa que o filho rebelde fez. Vivemos desperdiçando no pecado as coisas boas que recebemos do Pai. Reconhecendo ou não a nossa condição espiritual, chegamos ao mais baixo degrau de uma vida pecaminosa.
No mais extremo aperto ele entendeu o motivo do seu sofrimento. Ele lembrou da bondade de seu pai: “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!” (Lucas 15:17). Antes de voltar para Deus, precisamos chegar ao ponto de compreender que a vida com Ele é muito melhor do que a vida no mundo do pecado. Este entendimento pode vir por meio de sofrimento e consequências que o pecado traz na nossa vida, ou pode vir por cansar da futilidade de prazeres que nunca satisfazem as nossas necessidades reais, nunca preenche a obsessiva e concupiscente lacuna da nossa alma.
Antes de voltar para Deus, temos de perceber que estamos afastados dele. E tomar uma decisão incisiva: deixar o mundo e voltar para os braços do Pai. Mas, para isto é necessário renúncia, é necessário que haja profundo arrependimento. É necessário que reconhecemos o nosso erro. Por decisão própria o filho arrependido agiu, e voltou para o Pai. É importante reconhecer o problema e decidir como agir, mas precisa despertar e sair. Muitas pessoas lamentam sua situação no pecado e até prometem voltar para Deus, mas continuam dia após dia sem fazer nada. O filho rebelde fez o que falou: “E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho” (Lucas 15:20-21).
Não é fácil nos humilharmos para admitir o nosso pecado e nos entregar à misericórdia de Deus. O orgulho humano luta contra este desejo de nos reconciliar com o Pai. Mas a nossa salvação e a nossa esperança eterna dependem de Deus, e da nossa decisão de nos submeter a ele e somente a Ele que está sempre disposto a nos receber de braços abertos.
O PROCESSO DA RECONCILIAÇÃO
Mesmo havendo, todos nós reconciliados com Deus em Cristo Jesus. Lidamos no nosso dia a dia com a maldita da reincidência que é própria do homem. Deste modo é necessário que concertemos com o Senhor em todos os momentos das nossas vidas. Por quê, mesmo nós, nos tanando inimigos Seu, Ele mesmo nos reconciliou em Cristo Jesus! – (Rm 5:10) – “Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Considerando o inexplicável perigo dos Seus filhos enfrentarem o Juízo Final Ele deixou às margens do esquecimento a transgressão que até então era aplicáveis a todos nós – At 17:30-31 - “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos.” Revelando-nos Sua incomensurável graça da qual escreveu Paulo em sua Carta a Tito 2:11: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens.”
RECONCILIAÇÃO COM DEUS E COM OS IRMÃOS
A reconciliação com Deus e com nosso irmão é um ato de abnegação; próprio dos humildes que não trocam seu direito de habitar às Régias Mansões Celestiais por uma simples razão. Portanto, vale sim, a pena reconciliar com todos, mesmo que tenhamos razão. Deixar de amar os que nos odeiam, é o mesmo que não amar a ninguém, nem mesmo ao Senhor Jesus. Nunca é demais perdoar e/ou pedir perdão.
O que pode nos causar transtorno e prejudicar nossa entrada no céu, é, em detrimento deste princípio, estribarmos em “nossa razão e nosso direito” e deixar que o mais fraco, no caso, nosso devedor simplesmente morra sufocado sob nossas potentes mãos – donas do direito, donas da razão e portadoras do complexo de superioridade. Que não trata com equidade. Desprezando as misericórdias de Deus.
CONCLUSÃO
Não trocar nossa habitação no céu, eternamente com Jesus, pode ser um ato, não somente de espiritualidade, mas, de inteligência também, e porque não dizer, de gratidão. Porque Jesus fez tudo com tanto amor, com tanto carinho a favor da humanidade toda! Se não atentarmos para este amor oferecido por Deus, ou tratarmos de forma desdenhosa, é a pior ingratidão que o ser humano pode praticar.
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Jorge Albertacci
Pastor Emérito da Assembleia de Deus do Retiro
Volta Redonda - RJ
E-mail - prjorgealbertacci@yahoo.com.br