O Preparo do Obreiro
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Pr. Antônio de Freitas Melo
A necessidade do preparo do
obreiro para o exercício de suas atividades diante da igreja que
pastoreia e da sociedade onde está inserida
Para exercer seu ministério, é necessário que o
obreiro cristão seja vocacionado e chamado por Deus, tenha convicção de
sua salvação e chamada ministerial e mantenha a chama pentecostal
ardendo no seu coração continuamente, sem esquecer que representa uma
instituição religiosa localizada em uma sociedade e que tem identidade
jurídica. Sendo assim, o obreiro tem de se ajustar ao perfil do contexto
social em que vive e buscar conhecimento para exercer com maestria, em
todos os aspectos, sua missão como líder do povo que Deus lhe confiou,
sem perder, é claro, a visão da sua chamada, a sua identidade
espiritual, a humildade em Cristo Jesus e, acima de tudo, manter-se fiel
ao compromisso com a volta do Seu Senhor (Lc 18.8; 1Ts 4.13-18).
Diante do avanço tecnológico e do grande número de
informações e novidades que o novo século traz, nasce um novo desafio
frente aos líderes evangélicos, que é a sua preparação para enfrentar
tudo isso. Antigamente não se exigia tanta qualificação para um líder,
pois havia uma demanda de conhecimentos um tanto rudimentar. Mas hoje a
situação é bem diferente. Na área comercial fala-se de um novo tipo de
profissional, não mais a figura do burocrata, do homem que executa uma
tarefa ou tarefas inerentes à sua profissão. Existe hoje a figura do
“funcionário” ou líder polivalente, isto é, que reúne em si vários
níveis de conhecimento possibilitando uma praticidade, objetividade e
produtividade maiores nas execuções de tarefas.
Convivemos com pessoas de variados tipos de
profissões, deste o entregador, arrumador, gari, lavador de carros,
empregada doméstica, vigia, até programadores, universitários,
professores, médicos, dentistas, funcionários públicos, advogados, enfim
profissionais liberais, que na verdade esperam muito da pessoa do líder
cristão, não só na parte da unção (lado espiritual), como também
sofisticação ou interação com diversos setores a eles relacionados.
Para se falar e até portar-se diante de pessoas
“simples” não é exigido muito da pessoa do líder, mas quando o ambiente
está mesclado de pessoas que detêm maiores conhecimentos ou status,
necessitará de um preparo ou ainda um maior esforço do líder para, pelo
menos, tentar equiparar-se às suas realidades.
Portanto, é de fundamental importância o obreiro
está contextualizado com a realidade que o circunda preparando-se cada
vez mais de modo sábio e ao mesmo tempo prudente, retendo o que é bom
(1Ts 5.21) para ser aplicado no seu ministério.
A NECESSIDADE DO PREPARO INTELECTUAL
O atual contexto de mundo e seus desafios
Querendo ou não admitir o obreiro é um ser social,
gregário, de relações interpessoais as mais diversas. Não se têm na
lista do obreiro, somente pessoas nascidas de novo, crentes em Cristo
Jesus. Sua cadeia de relacionamento vai do membro, congregado, ao
comerciante, mendigo, padre, funcionário público, vendedor, policial,
médico, prefeito, deputado, governador, vereador, presidente da câmara
municipal de sua cidade, enfim, vive numa sociedade que naturalmente,
ele tem que ter contato por ser uma referência religiosa.
A maneira como o obreiro vai se apresentar define
muito sua personalidade e o grupo que representa. Daí a necessidade de
entender como utilizar vocativos para o prefeito, o vereador, o
governador; entender como funciona os tributos do seu Estado para então
orientar um cristão que é comerciante a pagar seus impostos, pois do
contrário estará sendo corrupto nisso.
Enfim, o contexto de mundo atual é bastante
desafiador para o obreiro cristão. E este precisa estar pelo menos
informado como funcionam as coisas e os sistemas em que está inserido.
A dificuldade em pastorear as igrejas
Cada dia o nível de dificuldades aumenta quando se
trata do pastoreio do rebanho do Senhor neste planeta e neste século. A
sociedade do século XXI — Sociedade do Conhecimento — a cada dia tem
problemas os mais complexos possíveis, precisando cada vez mais de
especialidades que tratem de cada um deles.
Há mais ou menos sessenta anos atrás não se tinha um
grau de complexidade tão grande no mundo como temos hoje. As coisas
ficaram mais amplas, complexas, fragmentadas e isso demonstra o quanto o
conhecimento se tornou vasto e de difícil manipulação.
Aumentou o número de religiões e cada uma trazendo
uma oferta “tentadora” para os menos informados (que é um número
altíssimo dentro das igrejas). O pastor neste caso tem de se desdobrar
muito para atender demandas, dar respostas cada vez mais intrigantes
sobre questões de fé, de vida, de emoções, etc.
Aumentou a quantidade de pessoas no planeta e
diminuiu a oferta por empregos e trabalhos no mundo. Com isso, o pastor
assume outra responsabilidade de orientar, muitas vezes levar a igreja a
sustentar, temporariamente uma pessoa até encontrar um emprego.
Aumentou a ansiedade e culminou na depressão, fato é
que há uma “profecia” pelos órgãos que estudam a saúde no mundo que até
o ano 2020, 74% da população mundial entrará em crise depressiva.
Uma reflexão:
Como obreiros que somos como lidaremos com isso?
Tudo bem que temos a Palavra, temos a oração, temos os cultos, temos a
orientação, mas infelizmente as pessoas estão sendo bombardeados
frontalmente com esses problemas e precisam ser levadas por argumentos
fortes, sólidos à luz da Palavra de Deus para se sustentarem
espiritualmente (Ef 6.10). Que Deus nos dê graça, unção, sabedoria,
poder e muita prudência para lidarmos com tudo isso!
A universalidade do saber
O saber tornou-se tão complexo que é impossível
captar de modo exaustivo algum tipo de conhecimento específico. Quando
se pesquisa sobre alguma área nas bibliotecas, na internet ou através de
amostragem por pesquisa de campo, não se pode dizer que se esgotou
completamente o assunto.
Estamos numa época, que começou essa universalidade
desde o século 15 com as grandes navegações, perpassou o século 18, com o
Iluminismo e culminou na Revolução Francesa e Industrial criando o
Modernismo que depois, devido às rápidas mudanças, os sociólogos deram o
nome de Pós-modernismo à era atual. Esta foi a era que Daniel precisou
no capítulo 12, versículo 4: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e
sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para
outra, e o conhecimento se multiplicará”.
O público diferenciado existente hoje dentro das igrejas
Há uma necessidade de se conhecer o ser humano e
suas peculiaridades, daí a exigência de estudar, aprofundar-se em
algumas questões do tipo: infância, adolescência, juventude, fase adulta
e 3ª idade, sexualidade, homossexualidade, drogas, álcool, crise
existencial, frustrações, ansiedade, depressão, suicídio, questões de
ordem jurídica (divórcio e novo casamento), aconselhamento, etc.
Essas e outras são questões precisam ser orientadas
pelo pastor a fim de que o membro de sua igreja tenha um direcionamento
equilibrado. Outro fator importante a considerar é que temos um
público formado academicamente, mais exigente, mais crítico, e em alguns
casos mais cético até, que não se conforma com um sermão improvisado,
mas que deseja uma comida mais robusta, mais pesada e substancial para
ingerir.
HOMENS PREPARADOS
É fato para o obreiro que quem chama, prepara, envia
e cuida é Deus, mas na Bíblia há exemplos claros de homens de Deus que
tiveram um preparo intelectual e cultural para atender demandas divinas:
a) Moisés — Entendido em toda ciência do Egito.
b) Lucas — Médico cujo evangelho foi escrito
aos Gregos (a nata intelectual da época) e procurou apresentar Jesus
como o homem perfeito que tanto eles esperavam.
c) Paulo — A formação de Paulo, para alguns
especialistas, foi fundamental para que tivesse sucesso no seu
ministério. Paulo viveu numa época em que várias etnias e culturas
estavam associadas, através da universalidade da língua grega, havia uma
comunicação, comercialização e um nível cultural altíssimo naquela era,
herança do período anterior em que foi estabelecida a cultura helena
(grega). Em Atos dos Apóstolos, Paulo chegou a discutir com filósofos
gregos (estóicos e epicureus) sobre a tese de que Jesus Cristo era o
Filho de Deus ressurreto: “E alguns dos filósofos epicureus e estóicos
contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E
outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava
a Jesus e a ressurreição” (Atos 17.18).
d) Apolo (At 18.24-28) — segundo Gardner (2000, p.61): “como homem ‘instruído’ recebeu formação de ‘nível
universitário’ em retórica, na grandemente valorizada educação grega.
Era um ensino disponível apenas para a elite, devido aos seus mais
elevados custos. Lucas diz que Apolo era ‘poderoso’ no uso das
Escrituras. ‘Poderoso’ era um termo retórico para lógica e persuasão.
Ele aprendeu a arte da habilidade nos debates e em sua educação secular e
usava isso de maneira excelente, ‘demonstrando’ (outro termo retórico)
pelo Antigo Testamento que Jesus era o Messias prometido (At 1.18.24).
Pelos padrões do primeiro século, é apresentado como um formidável judeu
cristão, apologista e debatedor, e combina seu conhecimento exaustivo
do AT com sua educação secular na arte da retórica (Compare Apolo com
outros pregadores, os quais, em termos de educação formal, eram
descritos como ‘sem letras e indoutos’ — At 4.13)”.
Se levarmos em consideração o texto de 1 Samuel
19.20 veremos que Samuel tinha uma escola de profetas e ali eram
fornecidas instruções para o intelecto deles, tinha-se um clima
espiritual muito intenso a fim de que o candidato a profeta entendesse
realmente o ministério que iria exercer. “Então enviou Saul mensageiros
para trazerem a Davi, os quais viram uma congregação de profetas
profetizando, onde estava Samuel que presidia sobre eles; e o Espírito
de Deus veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles profetizaram”.
Outros Intelectuais que possibilitaram o
desenvolvimento do Cristianismo no mundo foram: Tertuliano, João
Crisóstomo, Agostinho, Tomas de Aquino, o Dr. Martinho Lutero, etc.
INSERÇÃO NO CAMPO DO SABER UNIVERSITÁRIO E TEOLÓGICO
Amplia-se a visão de mundo
O próprio nome Universidade remete a ideia de
“faculdades ou escolas para a especialização profissional e científica, e
tem por função precípua garantir a conservação e o progresso nos
diversos ramos do conhecimento, pelo ensino e pela pesquisa” (Dicionário Aurélio Século XXI). Com isso, fica mais sólida a apresentação de verdades, fatos, conhecimentos gerais sobre sistemas, culturas, etc.
Em outras palavras cria-se uma cosmovisão, uma visão
de mundo que não é micro, mas macro, tendo possibilidades holísticas de
se compreender o mundo e as pessoas de uma maneira bem melhor.
O preparo teológico
A formação teológica no obreiro (principalmente
nele), habilidades e competências que lhe favorecem mais excelência no
exercício do seu ministério eclesiástico. Como por exemplo, o
conhecimento Exegético e Hermenêutico do texto Sagrado. Uso de técnicas
da Homilética para desenvolver sermões de todos os tipos e para várias
ocasiões [cultos fúnebres, aniversário de 15 anos, casamento, cultos
cívicos, cultos ecumênicos, dia do soldado, dia do professor, formaturas
(paraninfo ou cultos relacionados a formaturas)]. A Oratória como forma
de melhor expressar-se. O uso da Teologia Sistemática para conhecer
melhor a ortodoxia das principais doutrinas da Bíblia Sagrada
tornando-se um apologista das coisas divinas.
Domínio, pelos menos parcial, da língua vernácula
É de fundamental importância, para qualquer cidadão a
compreensão de sua língua materna, como forma de se localizar no tempo e
no espaço. Fica muito difícil para um obreiro continuar cometendo erros
grosseiros de português no púlpito da sua igreja ou em qualquer outro
lugar em que vá representar sua comunidade cristã. Exemplos de erros mais comuns: “saldo os irmãos”; “esprito santo”; “deuso”; “unssusoutros”; “aleluias”; “naiscer de novo”, etc.
O PREPARO INTELECTUAL DO OBREIRO
Preparo bíblico
“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e
de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a
tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para
a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.14-17).
Conhecer a Bíblia, hoje é uma necessidade
imprescindível. Através da leitura, meditação, comparação com outras
versões, consulta aos originais, uma boa hermenêutica, tudo isso faz uma
grande diferença na vida de qualquer obreiro.
Uma cultura bíblica reforça uma mensagem genuinamente bíblica. Bem formatada, bem diagramada e acima de tudo compreensível.
Segundo Rafael Carlos: “Para o obreiro, a Bíblia não
deve ser considerada apenas como um simples livro com informações
históricas, mas ela deve ser para ele um manual que serve para
orientá-lo em qual direção ele deve seguir em todas as áreas de sua vida
(Sl 119:105)”!
A biblioteca do obreiro
A biblioteca do obreiro é outro instrumento de
extremo trabalho intelectual. Ali passará horas à fio debruçado sobre
livros, os mais diversos, para fundamentar suas mensagens bíblicas
temáticas. Esse deve ser o seu local de esforço intelectual para atender
demandas espirituais, emocionais, intelectuais e acima de tudo lhe
propiciar crescimento teológico-intelectual.
Paulo tinha seus livros de estudo e pediu a Timóteo para trazê-los quando de sua viagem para ter com ele: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos” (2 Timóteo 4.13).
O computador, a internet e as redes sociais
A utilização do computador pelo obreiro não é nenhum problema, desde que saiba operacionalizar, digitalizar, ter e-mail e blog e saber acessá-los. Além disso, conta com uma fonte riquíssima de pesquisas na internet se souber depurar o conhecimento veiculado na rede.
Os riscos de se possuir um computador existem, mas
tudo deve utilizado dentro de uma norma de conduta bíblica que não fira o
processo de santificação de cada um em particular.
O acesso à internet com seus perigos é uma
realidade na vida de muitos obreiros. Inconvenientes bate-papos têm
levado muitos a se apaixonaram virtualmente e praticaram sexo virtual e
destruindo seus casamentos.
As redes de relacionamento são uma tela de grande
exposição da imagem de qualquer pessoa, tanto é que a Polícia Federal do
Brasil, a CIA e outras agencias internacionais de segurança fazem a
vigilância 24 horas por dia à procura de pedófilos, matadores em série,
sequestradores, chantagistas e psicopatas que causa muita destruição a
vidas das pessoas. O obreiro deve ser criterioso no uso ou na exposição
de sua imagem ou vida em sites de relacionamentos.
Em blogs (sites gratuitos e pessoais), por
exemplo, ao configurá-los você pode limitar o uso externo de pessoas;
assim, poderá evitar muitos e indesejáveis acessos.
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O preparo do seu material de estudo
Este artigo é conteúdo do Site: www.estudantesdabiblia.com.br
Ao verificar muitas apostilas, sermonários e livros
de alguns companheiros, fica-se estarrecido com o volume de material que
não é dele. Isso não teria nenhum problema se fosse citado de acordo
com certas normas que regem publicações diversas, como no caso a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).