Jesus e a sucata da sociedade
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Lucas 19:10
“Porque o Filho do
Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.”
INTRODUÇÃO
No início do Ministério de Jesus, imperava o legalismo
farisaico incomplacente. Quem cumprisse a lei, mesmo que se fosse somente pela
aparência, estaria tudo certo, enquanto que os miseráveis, pobres, leprosos e
os que mesmo involuntariamente infringissem em algum ponto, a lei, estariam
irremediavelmente perdidos. Os falsos filactérios estavam acima de qualquer
suspeita – a presença destes eram o suficiente para confirmar a “santidade” na
vida de um fariseu. Portando os filactérios, eles estavam “justificados.”
JESUS ENVIADO AO MUNDO
Inicialmente, Sua
principal preocupação consistia na Sua recomendação: “Mas
ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino
dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos,
expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:6-8).
Na verdade Sua
preferência inicial foi para os Judeus - Ele deveria manifestar-se primeiramente
a eles. Mas eles não o considerou. “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas a todos quantos o receberam deu-lhes
o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” – (João
1:11-12).
TRÊS CLASSES DE PESSOAS DESPREZÍVEIS
GENTIO: Era o nome dado ao povo que não fosse judeu.
Os que não eram israelitas - (Is 42:1, 6). SAMARITANO: Pessoa nascida em Samaria. Israelitas e
samaritanos não se davam por causa de diferenças de raça, religião e costumes
(2Rs 17:29; Jo 4:9). Os samaritanos era um povo que resultara de casamentos
mistos entre judeus e gentios. Se tratava de uma miscigenação que o desqualificava da
dignidade de conviver com os judeus. PUBLICANOS: Judeu que cobrava impostos para o governo
romano. Era desprezado por trabalhar para um dominador estrangeiro e por ser
geralmente desonesto (Lc 3:12-13; ver Mateus e Zaqueu.
Legalistas, ou não, estavam
todos sob o implacável império romano. Os judeus esperavam o Messias para
exercer um governo político – que trouxesse de volta os áureos dias de Davi e Salomão.
Lendo o Livro de Atos dos Apóstolos,
entendemos que, depois da Sua ressurreição, Jesus ainda permaneceu quarenta
dias ministrando os mais ricos ensinamentos aos Seus discípulos. Com a
aproximação do tempo de voltar para a destra do Pai, confortou-os explicando que Sua obra entre eles passaria a ser
realizada pelo Espírito Santo, que tão logo Ele subisse, o Pai o enviaria do
céu a eles (João 16:7-14). “Então os que
estavam reunidos Lhe perguntaram: Senhor, é neste tempo que vais restaurar o
reino a Israel?” (Atos 1:6).
Alguns dos discípulos do Senhor tinham o mesmo pensamento de Judas Iscariotes, que o objetivo da obra do Messias, Jesus, seria libertar Israel do pesado domínio romano. Para muitos judeus, a subordinação ao Império de Roma era humilhante, odiento e contrário aos princípios judaicos. Quanto à política secular, durante os três anos do ministério terreno de Jesus, nada aconteceu. Houve a crucifixão e as esperanças se desvaneceram. Passados, os quarenta dias depois da ressurreição, eles entenderam que o tempo para tirar as dúvidas sobre a política secular era aquele. Se o objetivo do Senhor fosse realmente o de “restaurar o reino a Israel”, Ele mesmo, Jesus, tomaria a iniciativa de comunica-los no tempo certo. Só que não era assim.
MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
Os discípulo demonstraram memória curta,
visto que, o Mestre lhes havia dito reiterada vezes que Seu reino não era deste
mundo (João 3:5; João 18:36; Lucas 22:30; Atos
14:22; Hebreus 12:28; 2 Pedro 1:11; 2 Timóteo 4:18; 2 Timóteo 4:1; Efésios 5:5;
Gálatas 5:21; 1 Coríntios 4:20; Apocalipse 12:10)
A IGREJA FOI FORMADA COM OS GENTIOS
A princípio Ele mesmo
disse: “Ide, porém, e aprendei o que
significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar
os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” – (Mateus 9:13).
A alusão do Senhor, à misericórdia quero, decorreu do texto de Oseas
6:6, onde nos diz assim a Palavra: “Porque eu quero misericórdia
e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”
Com estas palavras
Jesus estava dizendo: “Eu quero o verdadeiro amor, não o sacrifício; o conhecimento
de Deus em lugar de holocaustos” (Phillips; cf. BV). A palavra chesed, traduzida por misericórdia, é
amor por outrem que se revela na justiça e tem sua origem no conhecimento de
Deus. Aqui, misericórdia significaria a afeição por Jeová, sentimento que Ele
almeja na obediência humilde de Israel (cf. NTLH). Os sacrifícios insensíveis para
cobrir o pecado são rejeitados como anátemas para Deus. Declaração semelhante é
dada por Samuel: “Eis que o obedecer é
melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros”
(1 Sm 15:22; cf. Sl 40:7-9; 50:8-15; Is 1:11-17; Mq 6:8 – Comentário Bíblico
Beacon Vol. 5, pag. 46 - CPAD).
O INCONFORMISMO DOS ESCRIBAS
E FARISEUS
Os escribas e fariseus ficaram indignados por Jesus aceitar comer com
os pecadores. Eles cobriam seus erros
pela aparência legal e assim, passavam por bons – (Mc 2:15-16).
“E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: Os
sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar
os justos, mas sim os pecadores” – (Marcos 2:17). “Eu
não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento” – (Lucas
5:32).
Disse Jesus sobre os escribas e fariseus
“E fazem todas as obras a fim de serem
vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das
suas vestes” - (Mateus 23:5).
Na verdade as pessoas eram consideradas pelos filactérios, pelo que se
via externamente – (Dt 6:8; Ex 13:9,16). A santidade era formada neles com a
isenção do Fruto do Espírito. Sem compaixão dos menos favorecidos, eles
cometiam as priores crueldades em nome da lei. Pelo que Jesus insistia: “Porque o
Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – (Lucas 19:10).
E, entrando numa certa aldeia,
saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe – (Lucas
17:12). Jesus curou todos os dez, em desacordo com – (Lv 14). Antes de qualquer
coisa, Jesus olha para a necessidade das pessoas. Jesus interessava pela
pessoa, criatura de Deus e não pelos pecados delas. Ele tinha em vista a
quitação dos pecados de todos quando subisse ao Calvário.
CONCLUSÃO
Jesus acertou a vida da mulher samaritana - (Jo
4:1-54. Colocou Zaqueu no caminho dos salvos – (Lc 19). Resolveu o problema
crônico da mulher cananeia – (Mt 15). Tirou Marta e Maria da tristeza, ressuscitando
seu irmão Lázaro – (Jo 11; 12). Finalmente, Ele mesmo testificou Dele quando
leu Isaías 61:18-20: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar
os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista
aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do
Senhor. E, cerrando o livro e tornando a
dá-lo ao ministro, assentou-se;
e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.” - (Lc 4:17-19).
Jorge Albertacci
Pastor Emérito da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Retiro
Volta Redonda - Rio de Janeiro