A Igreja de Cristo em relação ao estado
Igreja
Romanos 13:1-7
"Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra".
INTRODUÇÃO
O crente é um súdito do Reino de Deus na Terra, e como tal tem os seus deveres de cunho espiritual a cumprir com ele. Não obstante, é também cidadão do país onde nasceu e tem para com este obrigações civis, como os demais cidadãos, uma vez que recebe do estado o amparo, a segurança, os direitos, enfim, todos o beneplácitos que as leis deste lhe outorgam. Neste ponto destaco que é nosso dever tratar do papel que cabe a Igreja dentro do contexto político do Estado, ressaltando a sua inteira independência do mesmo e da separação que deve existir entre ambos.
I - DEFININDO A IGREJA E O ESTADO
A Igreja de Deus é o povo que foi resgatado do mundo de perdição através da obra sacrificial de Cristo. É, então, sua propriedade e corpo místico. (Tt 2:14).
A Igreja se constitui no verdadeiro refúgio do cristão, onde ele pode alcançar o mais desejado triunfo: a eterna salvação. Alegremo-nos em pertencer a Igreja do Deus vivo!
O Estado é a nação politicamente organizada e tem o dever de garantir a ordem e segurança da Nação, tudo fazendo para alcançar o seu progresso. A garantia dos direitos individuais é da competência do Estado. Explicando melhor, o Estado é uma organização que protege a família em todos os seus direitos definidos na constituição. Garante os direitos individuais do cidadão, e visa alcançar os ideais do povo, a virtude e a expansão econômica. Objetiva a prática da justiça social, que não favorece o rico em detrimento do pobre, posto que diante da lei, e, consequentemente do Estado, todos são iguais e merecem respeito aos seus direitos. Enfim o Estado protege a sociedade, que por sua vez tem na família a sua célula máter que é, em última análise, a base do Estado.
1- A missão da Igreja no governo do mundo. Em relação ao poder temporal, a Igreja não recebeu de Deus a autoridade para dominá-lo, nem para submetê-lo ao seu governo. A missão da Igreja é espiritual. Ela é a luz do mundo e o sal da terra, e como tal a sua missão é "iluminar" e "salgar" a Terra.
2- A origem do Estado. O Estado é de origem sobrenatural. Dissemos que a origem do Estado é sobrenatural porque toda a autoridade, todo o poder procede de Deus. É Deus quem outorga a autoridade ao homem para exercer o governo sobre o homem. Por esta razão o apóstolo Paulo recomendou aos crentes em Roma: "Toda alma esteja sujeita às potestades superiores, porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação" (Rm 13:1,2). Leia também 1 Pe 2:13-17. Contudo é bom que se esclareça que toda a autoridade humana está subordinada à autoridade de Deus e certamente Ele cobrará de cada governante os erros e as iniquidades praticadas em Seu nome.
3- A missão do Estado. Sabemos que os elementos essenciais que constituem o Estado são: um território, uma população, uma lei e uma organização administrativa. "O Estado é uma sociedade humana organizada que se submete ao mando e à orientação de um poder central, com a finalidade de estabelecer o bem próprio de cada um, ao mesmo tempo que busca o bem geral".
II - A INDEPENDÊNCIA ENTRE A IGREJA E O ESTADO
O maior prejuízo que a Igreja do Senhor sofreu através dos séculos, teve início quando o imperador Constantino aderiu ao cristianismo, batizando-se ele e toda a sua corte, arrastando assim, ao seio da Igreja todos os seus maus hábitos e a sua idolatria.
Aquilo que Satanás não havia conseguido afogando-a no sangue dos mártires que eram cruelmente lançados às feras, nas arenas do Coliseu Romano, ou nas fogueiras e outros inomináveis sofrimentos, que os obrigavam a morar nas cavernas e covas (catacumbas) mas, sem no entanto, silenciarem quanto ao testemunho de Cristo (Hb 11:38), alcançou, no entanto, tornando o cristianismo a Igreja oficial do Império, afogando os líderes da época, na "seda da púrpura" ou seja, no pecado e na luxúria. Deste modo, sua autoridade espiritual, foi aniquilada, e, os tais, para agradar as autoridades seculares, foram obrigados, pouco a pouco, a mudar o essencial no que respeita ao culto, a doutrina e a disciplina, tornando o cristianismo autêntico, naquilo que é hoje a Igreja Romana, que de cristã só tem mesmo o nome. Por esta razão, entendemos que a independência entre a Igreja e o Estado deve ser absoluta.
III - O CRENTE COMO CIDADÃO DO CÉU
A Bíblia ensina que a Igreja está aguardando ansiosamente a sua transladação para a sua pátria celestial (Fp 3:20-21; Jo 17:16), e classifica esta expectativa como a "bem aventurada esperança" (Tt 2:12:13). Na qualidade de cidadão do céu, devemos viver de tal maneira a não causar escândalo nem aos gentios, nem aos judeus, nem à Igreja de Deus (1Co 10:32). Devemos nos portar com dignidade diante de todos.
IV - TODA POTESTADE VEM DE DEUS
O apóstolo Pedro concorda com o conceito inspirado do apóstolo Paulo, no que respeita à obediência e às potestade superiores, porque "assim é a vontade de Deus, que fazendo o bem, tapeis a boca à ignorância dos homens loucos" (1Pe 2:15). Todos sabemos que os magistrados são constituídos por ordenação de Deus (Rm 13:1). Não é necessário teme-los, se praticarmos as boas ações, mas, se as más seremos punidos com o rigor da lei, e o mesmo apóstolo Pedro afirma que se sofremos, soframos não como ladrões, rebeldes ou malfeitores, mas como verdadeiros crentes em Cristo, e nisto glorifiquemos a Deus (1Pd 4:15-16).
O poder do Estado tem sua origem em Deus - De conformidade com os ensinos dos profetas sobre a soberania de Deus e sua intervenção no governo do mundo (Dn 4:17:31-32), o Senhor Jesus, quando interrogado pelos fariseus e herodianos quanto a licitude de pagar ou não tributo a César respondeu: "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Perante Pilatos ele foi claro ao responder: "O meu reino não é deste mundo". E diante da alegação do mesmo Pilatos, que afirmava possuir poder para mandar crucifica-lo ou soltá-lo, Jesus respondeu de modo inquestionável: "Nenhum poder teria sobre mim, se de cima te não fosse dado". Assim sendo, o Senhor deixava claro que a autoridade de César, de Herodes, de Pilatos e todos os governantes em todos os tempos procede de Deus. Ele é a causa primeira de toda a autoridade, tanto no Estado quanto na Igreja. Por isto Jesus como perfeito homem, submeteu-se ao poder do Estado (Mt 17:24-27; Fp 2:6-8). Nós não podemos fazer menos que isto.
V - O CRISTÃO DEVE OBEDECER AS AUTORIDADES
Nos regimes democráticos o governo é dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A todos esses poderes devemos obediência e respeito. Sujeitar-se, à ordenação humana por amor ao Senhor e mandamento, e, somente os bons e humanos, mas também aos maus. Cristãos há, que se negam a pagar impostos ao Estado, e, quando o fazem é com malícia, alguns chegam ao extremo de subornar o fisco, cometendo um pecado que mais cedo ou mais tarde, de Deus recebem a devida cobrança e raramente prosperam em seus negócios, isto, quando não sofrem outros reveses (1Pe 2:11), "aquilo que o homem semear, isto também ceifará" (Gl 6:7-8). Honrar, respeitar e reverenciar os membros desses poderes é justo. "A quem honra, honra; a quem tributo, tributo".
VI - INSUBIMISSÃO ÀS AUTORIDADES É REBELDIA
Sem dúvida, o povo de Deus, através de todos os tempos, tem sofrido dura oposição por parte das autoridades, mas isto não nos autoriza a fazer oposição aos poderes constituídos. Por três séculos o Império Romano desencadeou cruel perseguição à Igreja. O apóstolo Paulo foi vítima desses poderes até a morte, mas deixou escrito: "Quem se opõe às autoridades, resiste a Deus". É dever do verdadeiro servo de Deus cooperar, ajudar, e acatar as ordens das autoridades para o seu próprio bem, orando por elas (1Tm 2:13). Resisti-lhes opor-se lhes é diabólico e traz consequências embaraçosas. (1Tm 4:12).
CONCLUSÃO
Quando damos testemunho de verdadeiros crentes em Cristo, estamos em conformidade com o Estado e com a Igreja. Destarte, somos por Deus abençoados pela submissão e obediência. Sem uma vivência plena com Deus, não desempenhamos o papel de sal da terra e luz do mundo, logo, somos trevas também. Jesus na Sua oração sacerdotal, esclarece: "E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17:11-17) e prossegue em João 18:36: "O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui". Paulo ao aludir sobre Satanás e aos desobedientes aos preceitos de Deus estatuídos nas laudas Sagradas, afirma em 2 Coríntios 4:4 "Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus". Nestes últimos dias da Igreja na terra, nós, como bons despenseiros e pregadores da última hora (Jo 2:18), devemos primar pelo zelo da obediência e da submissão a Deus, para, mesmo com "dores de parto" (Gl 4:19) possamos ganhar alguns para o Reino de Deus e consequentemente livrar nossas almas das garras do diabo também. Espero ter sido claro, e que o estimado leitor encontre aqui, algo que sirva para sua edificação espiritual! Esta foi minha intenção. Foram minhas cooperadoras na formulação do presente artigo, minha esposa Alcenir Albertassi e Albertacci, e minha filha, Drª Sâmela Albertacci Tona.
Volta Redonda, Rio de janeiro, 23 de março de 2013
Pr. Jorge Albertacci
E-mail: prjorgealbertacci@yahoo.com.br
FONTE BIBLIOGRÁFICA
Revista da EBD/CPAD – Lição 09 de 26/08/1990
Bíblia Sagrada/RC/1995 – SBB
Dicionário Aurélio – Editora Positivo com Nova Ortografia